IPHAN e MHN ajudam a popularizar a Arqueologia e a Paleontologia em Alagoas

Primeiro livro dedicado a essas ciências em Alagoas foi lançado junto a Exposição Itinerante do Museu de História Natural

Pedro Barros - estudante de jornalismo

Um mastodonte com enormes presas caminhando nas planícies do sertão de Alagoas, uma preguiça de seis metros de comprimento alimentando-se de arbustos em Maravilha. Parece invenção de um cordelista muito criativo, mas esses animais realmente existiram por aqui. Pinturas rupestres, artefatos de caça dos "homens das cavernas", coisas que na sala de aula podem parecer muito distantes, são encontrados em vários municípios do Estado. Esse surpreendente universo da pré-história alagoana é o tema do livro Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas, lançado em 13 de setembro na sede da Superintendência Estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em Jaraguá.

Visitantes receberam exemplar autografado da obra. Foto: IPHAN.


Dedicada à preservação da cultura local e dos vestígios humanos num passado remoto, a Casa do Patrimônio de Maceió abriu espaço para a exposição de fósseis de mamíferos pré-históricos do Museu de História Natural da Universidade Federal de Alagoas (MHN/UFAL). Durante o evento, um panorama geral da Arqueologia e da Paleontologia no território alagoano foi apresentado nas palestras dos autores Luana Teixeira e Henrique Alexandre Pozzi, do IPHAN, e Jorge Luiz Lopes da Silva, do Setor de Paleontologia do MHN/UFAL.

O livro
A publicação introduz o leitor no assunto, explicando a diferença entre a Arqueologia, que estuda o passado da humanidade, e a Paleontologia, que estuda os ambientes pré-históricos e sua diversidade biológica. Além de dissertar sobre os tempos de Alagoas, a obra demonstra a distribuição geográfica dos achados em seu território, com mapas e tabelas. O livro ainda inclui os principais textos jurídicos ligados à preservação desse tipo de patrimônio e um guia para quem deseja enveredar por essas áreas de estudo.

Para a Diretora de Política de Desenvolvimento Tecnológico da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (SECTI/AL), Lenilda Austrilino, o diferencial de Patrimônio Arqueológico e Paleontológico de Alagoas é a acessibilidade do conteúdo para o público leigo. "Simples, mas significativo. Conteúdo muito bem elaborado, linguagem super-acessível. Ele é voltado para a sociedade, qualquer pessoa pode entender o que está escrito", comenta. A editoração também foi bastante comemorada: "muito bem editado, capa belíssima, ilustrações impecáveis, informações em mapas e gráficos bem claros".

Próximas atividades
Para o diretor do MHN/UFAL, Fabio Henrique de Ferreira Menezes, o evento ultrapassou as expectativas. "Eventos que envolvem a popularização da ciência naturalmente já atraem um grande público. O que não esperávamos era que tivéssemos o dobro da capacidade do auditório. Isso é uma prova de que as pessoas são motivadas a participar desse tipo de evento. Basta que seja feita uma boa divulgação", afirma. Já o co-autor da publicação e diretor técnico do Museu, Jorge Luiz Lopes da Silva, diz ter ficado surpreso com o número de presentes. "As pessoas que estavam ali não foram só ganhar o livro, que estava sendo distribuído gratuitamente, mas foram porque se interessam pela cultura no Estado, se interessam pelo trabalho que estamos fazendo".

Jorge Luiz Lopes da Silva (MHN/UFAL), Henrique Pozzi e Luana Teixeira (IPHAN) falam sobre os achados paleontológicos e arqueológicos em Alagoas.

Por conta do lançamento, quem estava presente pôde receber gratuitamente um exemplar, com autógrafo dos autores. A partir de agora, o foco da distribuição da obra são as escolas da rede pública estadual. Segundo a Diretora de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE/AL), Claudiane Pimentel, a distribuição não será a única atividade do Governo em torno da publicação. "A Secretaria vai desenvolver oficinas para a formação dos professores da rede estadual, principalmente nas regiões em que os sítios se encontram", afirma.

Exposição itinerante
Durante o lançamento, os visitantes tiveram a oportunidade de ver de perto os fósseis coletados pela equipe de Paleontologia e Geologia do Museu de História Natural. Um úmero de 84 cm de extensão estava em exposição, assim como uma costela enorme e uma unha com mais de 20 cm, todos partes da preguiça gigante que habitou Alagoas no pleistoceno (período geológico que data aproximadamente entre 2 milhões e 11 mil anos). Também foram expostos os dentes de animais como o Stegomastodon waringi (espécie de mastodonte), o Toxodon platensis (herbívoro de tronco volumoso, que podiam atingir o tamanho de um grande rinoceronte ou hipopótamo) e o Paleolama major (antiga espécie de lhama, com porte um pouco maior que o das atuais).

Fósseis do acervo do Museu de História Natural/UFAL foram expostos durante o lançamento. Foto: IPHAN.


Para Fábio, mais que um atrativo adicional, a exposição durante o lançamento inaugurou uma nova era para o Museu de História Natural. As peças foram dispostas em quatro dos cinco expositores móveis adquiridos recentemente com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que serão utilizados para amostras itinerantes. "O foco principal é levar uma representação do acervo do Museu para diversas comunidades", afirma.

De acordo com o diretor, a Exposição Itinerante abrangerá diversos temas. "Durante o lançamento, nós expomos material do Setor de Paleontologia, mas pretendemos trabalhar com todos os setores Museu. Podemos, por exemplo, montar uma exposição sobre animais peçonhentos, que já envolve o setor de Herpetologia, e levar para escolas, comunidades em geral que abram um espaço para essa ação", explica.

Para solicitar uma visita da exposição o interessado deverá entrar em contato com o MHN/UFAL, pelos telefones 3221-2724 e 3326-1558 ou pelo e-mail mhnufal@gmail.com. A partir desse primeiro contato será discutido a logística para o transporte do material, a duração da exposição, bem como as questões de segurança do acervo.

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