Estudo sobre anfíbios ajuda a ligar larvas e adultos da mesma espécie
Pesquisadores fizeram a descoberta a partir da análise do crânio e da cavidade oral de girinos
Por Pedro Barros - estudante de jornalismo
Outro desafio foram as exigências técnicas. A cavidade oral das larvas foi analisada num microscópio eletrônico de varredura, na Universidade de Richmond. “Esse tipo de microscópio tem um poder de aumento e resolução melhor, permitindo o exame mais detalhado das estruturas”, explica o biólogo. Os condrocrânios, termo usado para o crânio cartilaginoso dos girinos, foram estudados através de um um processo chamado diafanização, onde são aplicadas enzimas que digerem os músculos, tornando-o visível.
Segundo Nascimento, procurar girinos desconhecidos e descrevê-los tem sido uma das atividades do laboratório. "É um trabalho de base. Por conta da dificuldade de se conhecer a variedade de formas de girinos existentes, o conhecimento acumulado desses bichos é bem menor quando comparado com sua contraparte adulta. Nos últimos 10, 15 anos, porém, os trabalhos sobre eles têm crescido muito", conclui.
Por Pedro Barros - estudante de jornalismo
Os anfíbios têm uma característica bastante peculiar entre os animais tetrápodes - aqueles que possuem quatro patas, como répteis, aves e mamíferos: eles têm a vida dividida em duas fases, uma larval – geralmente vivida dentro d'água - e outra adulta - na terra. A larva dos anfíbios anuros, conhecida como girino, possuem características bem diferentes do adulto: girinos são aquáticos, adultos são terrestres; girinos respiram por brânquias, adultos tem respiração pulmonar. Guardadas as devidas diferenças, são como as borboletas. Acontece que animais assim, que mudam completamente seu corpo durante a vida, deixam os cientistas confusos quando têm de ligar os adultos a suas larvas.
A classificação dos girinos ainda é pouco estudada pela ciência. Foto: Filipe Augusto Nascimento |
Buscando facilitar a taxonomia - isto é, a classificação científica - desses bichos, pesquisadores do Setor de Herpetologia do Museu de História Natural da Universidade Federal de Alagoas passaram a aprofundar seus estudos na anatomia dos girinos. Em parceria com o Museu Nacional de História Natural do Uruguai e a Universidade de Richmond, dos Estados Unidos, o artigo mais recente sobre o assunto foi publicado em agosto, na revista científica Zootaxa, com o título "The genus Odontophrynus (Anura: Odontophrynidae): a larval perspective".
Os estudiosos analisaram os condrocrânios e a cavidade oral de girinos de quatro espécies de sapos do gênero Odontophrynus. Os cientistas perceberam que essas partes do corpo podem ser parâmetros para diferenciar as espécies quando elas ainda não são adultas. Segundo o biólogo Filipe Augusto Nascimento, a maior parte do conhecimento sobre taxonomia de anuros (sapos, rãs e pererecas) são provenientes de características dos animais adultos, apesar de as larvas terem se mostrado muito importantes na hora de classificá-los. "A pesquisa ajudou a deixar mais clara as diferenças entre as espécies desse gênero. Crânios dos girinos podem ser informativos sobre a evolução desses animais", explica.
Desafios
Os estudiosos analisaram os condrocrânios e a cavidade oral de girinos de quatro espécies de sapos do gênero Odontophrynus. Os cientistas perceberam que essas partes do corpo podem ser parâmetros para diferenciar as espécies quando elas ainda não são adultas. Segundo o biólogo Filipe Augusto Nascimento, a maior parte do conhecimento sobre taxonomia de anuros (sapos, rãs e pererecas) são provenientes de características dos animais adultos, apesar de as larvas terem se mostrado muito importantes na hora de classificá-los. "A pesquisa ajudou a deixar mais clara as diferenças entre as espécies desse gênero. Crânios dos girinos podem ser informativos sobre a evolução desses animais", explica.
Desafios
Segundo Nascimento, a pesquisa não foi fácil. "Um dos fatores que dificultam é que muitos anfíbios ainda não têm sua larva conhecida", conta. Para se ter uma ideia, duas espécies cujos adultos são muito parecidos podem ter larvas bem diferentes - e o oposto também ocorre. "Você quer estudar, por exemplo, as relações evolutivas de um gênero que tem 10 espécies de sapos a partir de suas larvas. Porém, quando você vai verificar, só duas tem seus girinos conhecidos. O trabalho acaba ficando inviável", afirma.
Um condocrânio de girino diafanizado: o crânio cartilaginoso das larvas são diferentes em cada girino. Imagem: Filipe Augusto Nascimento. |
Outro desafio foram as exigências técnicas. A cavidade oral das larvas foi analisada num microscópio eletrônico de varredura, na Universidade de Richmond. “Esse tipo de microscópio tem um poder de aumento e resolução melhor, permitindo o exame mais detalhado das estruturas”, explica o biólogo. Os condrocrânios, termo usado para o crânio cartilaginoso dos girinos, foram estudados através de um um processo chamado diafanização, onde são aplicadas enzimas que digerem os músculos, tornando-o visível.
Segundo Nascimento, procurar girinos desconhecidos e descrevê-los tem sido uma das atividades do laboratório. "É um trabalho de base. Por conta da dificuldade de se conhecer a variedade de formas de girinos existentes, o conhecimento acumulado desses bichos é bem menor quando comparado com sua contraparte adulta. Nos últimos 10, 15 anos, porém, os trabalhos sobre eles têm crescido muito", conclui.
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