Caatinga é mágica! Pesquisadora do MHN é destaque com estudos sobre mamíferos do bioma

 

Ludmilla da Costa Pinto teve sua pesquisa publicada em revista internacional Ecology

Por Safira Bezerra Assunção - bolsista de jornalismo do MHN

 

Ao longo dos 32 anos do Museu de História Natural (MHN) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), muitas pesquisas e histórias ganharam destaque com trabalhos de importante contribuição à Ciência. Mais recentemente, Anna Ludmilla da Costa-Pinto, pesquisadora e responsável pelo setor de Mastozoologia (que estuda os mamíferos), coordenou um banco de dados inédito sobre mamíferos na Caatinga e ficou conhecida nacional e internacionalmente com a publicação de sua pesquisa na revista Ecology.

Do início de sua paixão pela Caatinga até a publicação do banco de dados foram muitos anos. Formada em Ciência Biológicas pela Universidade Federal de Sergipe, Ludmilla conheceu a inspiração de sua pesquisa em 2017 no início do seu mestrado, na Universidade Federal da Paraíba, quando desenvolveu um trabalho de ecologia de populações e comunidade com mamíferos do bioma. O intuito da bióloga era entender como e quais eram os animais que conseguiam sobreviver em um ambiente tão extremo. “A Caatinga é mágica! Além disso, os pequenos mamíferos são muito interessantes, diversos e legais de se trabalhar”, relata a pesquisadora.

“Acredito que com este banco de dados vamos conseguir colocar a Caatinga e seus pequenos mamíferos no mapa da pesquisa mundial, junto com as regiões áridas e semiáridas do mundo. Antes deste dataset, a lacuna de conhecimento era muito grande”, diz Ludmilla.

Somente em 2021 o desmatamento na Caatinga foi o equivalente a mais de 140 mil estádios como o Arena Castelão, que fica em Fortaleza, segundo Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas. Os dados preocupam a pesquisadora que é apaixonada pelo bioma.

“O Brasil não acordou para a importância da Caatinga e acaba fechando os olhos para as diversas ameaças que o bioma, sua fauna e sua flora vêm sofrendo ao longo dos anos. O semiárido já possui focos de desertificação e não vemos muito debate sobre isso e como esse processo impacta a sobrevivência dos seres vivos, inclusive dos humanos. As mudanças climáticas representam o empurrãozinho que faltava para piorar a situação da Caatinga. Eu fico realmente preocupada”, alerta.

Destaque em congressos

Após finalizar a apresentação de seus estudos sobre os pequenos mamíferos não voadores na Caatinga, a pesquisadora apresentou o poster “Small mammals from the Caatinga: a hot and furry dataset”, que trata sobre os pequenos mamíferos do bioma, durante o Congresso Brasileiro de Mastozoologia, que aconteceu este ano, em Fortaleza.

Além disso, houve no congresso a apresentação oral “Is Climate Change a good deal? The case of common small mammals of the Caatinga”, onde foram apresentados os potenciais efeitos das Mudanças Climáticas na distribuição de quatro espécies de pequenos mamíferos, sendo dois roedores e dois marsupiais (animais que carregam ‘bolsas’, como os cangurus e gambás), que são bem comuns na Caatinga.

Outros integrantes do setor apresentaram mais dois trabalhos: um sobre um inventário preliminar das espécies de pequenos mamíferos encontradas na Serra da Saudinha e arredores; e outro que fala do trabalho desenvolvido na Estação Ecológica (ESEC) de Murici desde 2012.

Destaque nacional e internacional

Ludmilla vem se dedicando a pesquisas que envolvem o efeito das mudanças climáticas nas comunidades de pequenos mamíferos da Caatinga. Além de seguir com as pesquisas de diversidade e ecologia de pequenos mamíferos voadores e não-voadores em Alagoas, que, atualmente, é desenvolvida na Serra da Saudinha, Maceió, em parceria com o Setor de Herpetologia (que estuda anfíbios e répteis) do MHN.

Além de estudar os pequenos mamíferos e coordenar o setor de Mastozoologia do Museu, a pesquisadora também tem parcerias com pesquisadores internacionais, apresentando trabalhos pela Europa e tornando Alagoas e o MHN notícia no mundo científico, com a publicação da primeira lista de morcegos de Alagoas, em que participou junto a outros seis autores.

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